POSTAGEM (0977) ENTENDA como é o SISTEMA POLÍTICO E ELEITORAL dos Estados Unidos

O pleito desperta dúvidas pelas regras diferentes daquelas adotadas em outros países, inclusive no Brasil. 

                           (Foto: MANDEL NGAN / AFP)

Para entender as eleições dos EUA é preciso compreender o sistema político.


Assim como o Brasil, trata-se de uma Federação. 


Mas, lá os estados têm prerrogativas e poderes muito maiores. 


A organização da Federação é definida pela Constituição, que tem sete artigos divididos em seções, além das primeiras dez emendas que constituem a Carta de Direitos. 


As eleições dos estados não ocorrem conjuntamente, podendo ser em biênios diferentes.


"Além dos artigos e emendas da Constituição, o resto é tudo capacidade e responsabilidade dos estados. Todo o dia a dia das pessoas é determinado pelos estados. O Brasil é federalista. Mas os estados norte-americanos são mais autônomos. Há crimes federais, mas a maior parte deles cabe aos estados definir", 


explica o professor de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado Carlos Gustavo Poggio.


Esse arranjo político influencia as eleições à Presidência. 


O voto não é direto, como no Brasil, mas por meio de um colégio de delegados. 


Os eleitores votam em candidatos, mas o presidente não é escolhido por receber 50+ 1 dos votos, mas entre os que conquistam maioria no colégio eleitoral, formado por 538 representantes.



Esse colégio é formado a partir de pesos atribuídos a cada estado (proporcional às cadeiras na Câmara de Representantes e no Senado), que indica um número determinado de representantes de acordo com sua população.



Em quase todos os estados, os eleitores votam nos candidatos e o que receber mais votos "leva" a totalidade do número de delegados daquele local. 


Considerando o número de representantes no Parlamento, a Califórnia, por exemplo, tem 55 delegados, enquanto o Alaska e Dakota do Norte indicam apenas três. 


O colégio se reúne no dia 14 de dezembro.


"Importante identificar que 48 dos 50 estados regem-se pelo sistema de o vencedor leva tudo. Existem exceções a esse regime em dois estados, Nebraska e Maine", 


comenta o professor de Relações Internacionais das Faculdades Ibmec em Brasília, Ricardo Caichiolo.


Por isso, um candidato pode vencer a corrida sem ter tido a maioria dos votos do conjunto da população. 


Foi o que ocorreu com Hillary Clinton e Donald Trump em 2016. 


Cada estado organiza sua eleição e define os próprios procedimentos. 


É permitida a votação pelo correio, o que é organizado por cada estado.


"Uma das razões desse sistema complexo é manter o equilíbrio entre os estados americanos. Estados menores seriam irrelevantes e, com esse sistema, eles têm mais relevância. Se o voto é popular, conta a maioria da população, mas o voto dos estados conta individualmente. Estados pouco populosos vão ter pouco a dizer", 


comenta o professor Carlos Poggio.


LEGISLATIVO


Na esfera federal, os EUA têm também a separação de poderes. 


O Poder Legislativo é formado pela Câmara de Representantes, o equivalente à Câmara dos Deputados, e o Senado. 


A primeira tem eleições de dois em dois anos. 


Já o segundo tem mandatos de seis anos e pleitos de quatro em quatro, quando são renovadas algumas cadeiras (como no Brasil).


A Câmara é formada por 435 integrantes, em números proporcionais à população por estado. 


O mínimo é de um representante (no Brasil são oito). 


Já o Senado é composto de 100 representantes, sendo dois por estado.


O sistema adotado na disputa das cadeiras da Câmara é de voto distrital puro. 


Ou seja, o território dos estados é dividido em áreas e candidatos concorrem para obter a maior votação. 


Não há, como no Brasil, a consideração dos quocientes partidários e os cálculos dentro das chapas.


De acordo com Carlos Poggio, o mandato curto da Câmara está ligado ao fato de que essa Casa Legislativa foi formatada para estar mais diretamente ligada à população. 


Os senadores foram indicados por estados até 1912.


"Leis de aumento de fundos só podem ter projetos apresentados pela Câmara de Representantes. O Senado historicamente trata de temáticas relacionadas à política externa, como tratados", 


acrescenta Ricardo Caichiolo, do Ibmec.



FONTE: https://www.diariodepernambuco.com.br


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